Patrícia França Fã Clube

sábado, 12 de março de 2016

Patrícia França "Entrevista"

@patriciafranca.fc (instagram)


ENTREVISTA

Simples, mas guerreira. Assim é Patrícia França valoriza as pequenas coisas da vida e aproveita o tempo que tem entre as gravações para isso. Entre um gole de café e uma mordida no pão com manteiga, a atriz esquece o "glamour" da televisão e mostra que ainda conserva os mesmos hábitos da menina que, aos 19 anos, deixou o Recife para protagonizar a minissérie Tereza Batista, na Globo. "Comecei fazendo teatro muito cedo, aos nove anos. Minha cabeça é outra. A fama e os holofotes não chamam minha atenção", garante.

O que fez você aceitar o convite para A Escrava Isaura, sua primeira vilã?

A possibilidade de fazer uma vilã como a Rosa. Vi a reprise da primeira versão. Mas, mesmo assim, ainda era muito criança. Lembrava-me de algumas cenas e da competência da Léa Garcia ao dar vida à personagem. A imagem dela fazendo aquela escrava me fez pensar que era um papel que daria pé. Foi muito bacana, me diverti e diverti também os meus colegas fazendo. Foi um divisor de águas na minha carreira.

Por que você sente isso?
Descobri o meu humor a partir daquele trabalho. Não que eu fosse uma pessoa triste, mas encontrei uma veia cômica em mim até então muito pouco explorada. Isso é muito bom para um actor. A comédia é sempre o melhor lugar, tanto na vida quanto na arte. Foi diferente de quando me chamaram para Prova de Amor. Minha primeira reacção foi o receio.

Do que você tinha medo?
Comecei enxergando a personagem com preconceitos. É que no Brasil a gente tem tantos exemplos ruins na polícia, isso me deixou tensa. Mas o Tiago Santiago falou comigo e disse que a idéia era mostrar uma policial do bem, e existem várias por aí. Mas me incomodou ter de segurar uma arma. Sempre tentava tratar a cena com muita ética, evitando violência. Mas esse receio acabou quando li a primeira cena, no primeiro capítulo. Tinha um tom de série americana, e isso começou a me entusiasmar. Além disso, não faço muitos personagens urbanos. No final, acabou sendo um trabalho enriquecedor sob vários aspectos. Sem dúvida, foi o personagem que mais me deu trabalho, mas por minha própria vontade. Cheguei a fazer três aulas de karatê para uma cena. Eu pedia esse suporte, queria fazer bem feito. Também tive aulas de defesa pessoal e de como manusear uma arma.

Quando você estreou na televisão, protagonizou a minissérie "Tereza Batista". Isso te assustou?
Isso não fazia minha cabeça. Queria fazer direito o papel, não me ligava nessa coisa de virar estrela. Eu vim do teatro, é uma outra cabeça. Pensava só no trabalho. Acho que essa humildade acabou me ajudando dentro e fora da emissora. A maneira como lidei com tudo isso numa cidade grande, longe da família, foi a mais madura possível. Foi difícil, as circunstâncias por trás me assustaram. Eu tinha 19 anos e nunca tinha me afastado da minha família. De uma hora para a outra, estava na tevê, nos jornais...

Como isso aconteceu?
O teatro sempre fez parte da minha vida, desde criança. Sou do tempo em que a gente fazia teatro na escola. Aprendia artes no palco. Tudo começou aí. Fazia teatro na escola desde os nove anos e ingressei num curso de teatro profissional aos 13 anos. O meu teste para "Tereza Batista" foi feito em Recife. O director queria alguém que pudesse fazer as duas fases e que tivesse sotaque. Aí me acharam. Antes de fazer o teste, e aí é que está a grande diferença, o director foi me ver num espetáculo. Ele pediu para me cumprimentar no camarim. Ele me viu e, como eu era muito novinha, ficou receoso por causa da idade. Quando ele entrou, eu estava colocando um batom escuro. Terminei a maquiagem e virei o rosto. Ele gostou tanto daquele movimento que virou uma cena da minissérie que foi inclusive para a abertura. Ela está no espelho, coloca o batom e se vira.

Foi difícil lidar com a fama?
Foi complicado no início. Não entendia que precisava usar uma máscara, sair de casa sempre com um sorriso pronto. Acho que todo mundo tem uma dose de timidez, e não fujo à regra. Essa foi uma barreira minha, mas pouco tempo depois eu percebi essas coisas e acabei me acostumando. Só estava habituada ao teatro.

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