Patrícia França Fã Clube

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Patrícia França:Brejeira sem medo de sotaques

Matéria 2001

Aos 30 anos, a atriz faz sua primeira vilã em A Padroeira e conta que se sentiu vítima de preconceito na carreira por ser nordestina















“Não acho justo o paulista ser aceito de imediato, enquanto, se você chega com sotaque nordestino, metem logo uma crítica no jornal”, diz Patrícia



Aos 18 anos, Patrícia França saiu de Recife para estrear na televisão como a Teresa Batista de Jorge Amado. O sucesso na minissérie lhe rendeu comparações com Sônia Braga – a musa que imortalizou Gabriela, outra personagem do escritor baiano –, mas a pouca idade não deixou que a fama lhe subisse à cabeça. Hoje, aos 30, a atriz garante que mantém os pés no chão e atribui isso à condição de nordestina. “O preconceito existe, mesmo que sutil. O nordestino, para fazer sucesso, tem que matar um leão por dia, e quando você é mulher e bonita, tem de fazer três vezes mais.”

Tanta determinação confunde quem espera encontrar em Patrícia a moça meiga e ingênua que sua beleza poderia sugerir. Desde a estréia na tevê, o jeito da então adolescente surpreendia. “Me lembro que alguns câmeras se assustavam, porque eu tinha opinião própria ao mesmo tempo em que era uma menina”, lembra a atriz, que apesar de tudo nunca teve qualquer discussão séria no trabalho. “Só não gosto que imitem meu sotaque”, avisa.

Essa, aliás, é outra dificuldade que, na opinião de Patrícia, prejudica muito mais os nordestinos do que os atores do sul do País. “Não acho justo o paulista ser aceito de imediato, enquanto, se você chega com sotaque nordestino, metem logo uma crítica no jornal.” A atriz fala por experiência própria. Em 1993, ela sofreu quando interpretou a curitibana Cláudia na novela Sonho Meu. “A imprensa me detonava ao mesmo tempo em que colegas me perguntavam como eu fazia para tirar o sotaque”, diz Patrícia que, com os anos longe de casa, perdeu um pouco do jeito pernambucano de falar.

Se Patrícia tivesse topado a sugestão de um dos diretores para transformar a personagem curitibana em recifense, talvez pudesse ter poupado os comentários negativos. Mas Patrícia enxergou preconceito na proposta. “Disse não, que seguraria a onda”, conta. A atriz coleciona elogios de gente como o autor Benedito Ruy Barbosa. “Confiei no taco da Patrícia porque sabia do que ela era capaz. Em Renascer (novela de Benedito) ela ficou no ar pouco tempo como a Santinha e conquistou o público até o fim da história.”

Filha da dona de casa Marlene da Paz, 50, e irmã de Cecília, 23, e Manoela, 20, a atriz parece ter puxado ao temperamento da mãe. “Ela é uma grande matriarca, uma mulher que sempre questionou essa história de dizerem que homem é melhor que mulher.” Acostumada a interpretar a mocinha da história, Patrícia tem gostado de viver a espanhola Blanca, de A Padroeira, sua primeira vilã clássica. Não foi xingada nas ruas, mas já passou por situações inusitadas. Certa vez passeava por um shopping do Rio de Janeiro com o marido, o empresário Paulo Lins, e uma menina de 10 anos a abordou e perguntou se ela não ficaria boa. “Disse que seria péssima sempre. A menina achou engraçado”, diverte-se a atriz.

Mãe de Fernanda, de um ano e seis meses, Patrícia ficou ainda mais caseira depois do nascimento da filha, mas não alterou sua rotina profissional. “Me preocupo com o bem-estar dela, como toda mãe, mas não acho que seja supermãe”, diz a atriz, que nunca levou a filha para o trabalho e nem pensa em fazer isso tão cedo. “Ela ia querer ficar do meu lado. Não ia dar certo.” Também não faz o gênero que liga a cada cinco minutos. “Deixo com a babá e fico tranqüila”, diz. O jeito quieto e introvertido de ser a incomoda um pouco, mas não consegue mudar. “Por ser atriz, talvez devesse aparecer mais, mas não consigo”, resigna-se.

Fonte:www.terra.com.br

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