Entrevista da Revista #caras
Os maiores fãs da atriz Patrícia França nos palcos
Fernanda, Gabriel e o marido, Wagner, festejam seu êxito em musical
o tipo mignon – 53kg em 1,58m – e muito ponderada, Patrícia França
(43), dona de sólido currículo em 27 anos de carreira artística,
diverte-se ao falar sobre o perfil mais reservado. “Não sou nem um pouco
de ‘chegar chegando’. Às vezes, até tento. Saio de casa e digo: ‘Hoje
vou arrasar.’ Mas não consigo! Não é timidez, sou discreta”, explica, ao
lado dos filhos, Fernanda (15) e Gabriel (5), e do marido, o empresário
Wagner Pontes (48), em sua casa, no Rio. Mas é exatamente com uma
personagem que é o seu oposto, nada contida, que a atriz vem se
destacando nos palcos. Em participação especial em Ou Tudo Ou Nada – A
Comédia Musical, versão brasileira do espetáculo criado a partir do
sucesso dos cinemas nos anos 1990, The Full Monty, Patrícia dá show à
parte como a perua Vicki Nichols. Protagonizada por Mouhamed Harfouch
(37), a produção, que retoma concorrida temporada no Theatro Net Rio,
dia 12 janeiro, e segue, em março, para o Theatro Net SP, conta a
história de seis desempregados que formam um grupo de striptease para
ganhar a vida. “Vicki é diferente de tudo o que já fiz, absolutamente
louca, fora do mundo.Brinca com essa superficialidade que algumas
pessoas têm, mas, acima de tudo, é muito humana”, conta. A boa fase de
Patrícia, que até agosto esteve no ar em Malhação – Sonhos, em seu
retorno à Globo após 10 anos, também reflete na família. “Ultimamente,
estou trabalhando muito. Isso me realiza, e também deixa todo o mundo em
casa feliz. Tanto meu marido quanto as crianças sentiam que eu não
ficava bem quando não estava atuando”, diz. Na entrevista, a
pernambucana, alçada à TV na minissérie global Tereza Batista, em 1992,
fala ainda sobre o aprendizado diário na educação do caçula, da união
com Wagner, e da primogênita, de relação anterior com o analista de
sistemas Paulo Lins (44). E admite também ter certa dificuldade em lidar
com o passar dos anos.
– Envelhecer a assusta?
– Acho que a
mulher, de um modo geral, sofre com isso. Vejo umas de 30 cheias de
crise. Já minha irmã mais nova não tem nada disso, a do meio, também
não, está sempre rindo. Sou dramática, interiorizo, sofro, ‘trabalho’
isso sempre. Então, depende de temperamento. E acho que é coisa de atriz
também, a gente se cobra muito. Mas as pessoas falam que pareço mais
jovem do que a minha idade. Procuro fazer o seguinte: se me olho no
espelho e vejo que algo mudou muito, penso, tenho 43 anos, está bom. Se
não for assim, as pessoas vão ficando plastificadas, presas a uma imagem
que já não existe. Nós precisamos evoluir com nossa aparência. Aquelas
que ficam presas a essa questão, por vezes, se tornam vazias. A meu ver,
é essencial ser de dentro para fora, não o contrário.
– A gente percebe que você tem uma união familiar muito forte. Como mantém isso?
– Sou caseira, gosto de voltar para casa, estar com os filhos, o
marido. Agora, com o espetáculo, isso complica um pouco, então, tento me
organizar. Não acho necessário fazer as três refeições todos juntos,
mas, ao menos, uma. É importante não perder essa liga, trazê-los para
perto.
– Como é sua filha, Fernanda?
– Sou suspeita, mas é
uma princesa. Querida, educada, de bom coração. Tenho orgulho. Tem dias
que a gente quase não se vê, ela estuda muito, acorda às cinco da manhã.
Mas estamos sempre trocando mensagens, se posso, a levo ao inglês.
Minha mãe sempre diz: o importante não é a quantidade de tempo ao lado
deles, mas a qualidade.
– E o Gabriel?
– É o rebelde,
roqueiro, usa cabelão. Ainda estou descobrindo como é criar menino. Tem
momentos em que sou pega de surpresa, como quando o levei para assistir
ao musical. Ele viu a cena em que dou selinho no ator que faz o
‘maridão’ da Vicki e ficou magoadíssimo. Tive de fazer um trabalho
psicológico. Mas crianças são sábias. Tento aprender com ele. Não sou
dessas mães autossuficientes, cheias de fórmulas e discursos prontos.
Entendo que é um eterno aprendizado e que cada criança é uma criança.
– Você está casada há 8 anos. Há segredo para essa harmonia?
– É preciso paciência, jogo de cintura e saber respeitar o momento da
relação. Hoje, temos um filho de 5 anos, não é como antes. Às vezes, o
homem não tem tanta disponibilidade de diálogo quanto a mulher. Demorou,
mas agora entendo bem isso.
– Como avalia sua carreira?
–
Sou grata a Deus. Às vezes, um ator passa uma vida, 30, 40 anos de
profissão, sem nunca ou raramente ter na mão um bom personagem. Não
tenho do que me queixar, fiz grandes papéis. A Vicki é charmosa,
elegante, essa explosão de vida, um presente. É gratificante estar
dentro de um sucesso enorme como essa peça. Em Malhação, fazia a mãe do
Pedro e tinha maior orgulho de ser reconhecida assim. Outra época fiz a
filha, a santinha, o sex symbol... Essa é a grande dádiva de ser ator.
Temos papel a vida inteira, Laura Cardoso que o diga.
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